A menopausa é um processo biológico natural normal em todas as mulheres, sendo que se trata do fim da sua fase reprodutiva, reconhecido através da interrupção natural da menstruação. Após 12 meses consecutivos sem qualquer menstruação, pode ser confirmada a menopausa.
O corpo humano passa ao longo da sua vida por diversas fases. No caso das mulheres, ao ser atingida a puberdade, entre os 8 e os 13 anos, os ovários iniciam um processo regular mensal de libertação de óvulos, a menstruação. Acontece que o número de óvulos que a mulher tem para libertar é limitado, decorrendo essa libertação geralmente durante 30 a 35 anos. Assim, é por norma entre os 40 e os 58 anos que ocorre a menopausa espontânea, ainda que possa haver casos em que esta ocorra precocemente ou numa altura mais tardia.
A redução de atividade dos ovários não é, regra geral, abrupta. É um processo gradual, mais ou menos acelerado, que geralmente é apenas reconhecido pela irregularidade das menstruações. Acompanhando a redução de frequência de menstruação, a mulher começa também a produzir menos estrogénios e progesterona, alterando o seu equilíbrio hormonal.
Idealmente tratar-se-á de um processo gradual, limitando assim o impacto e intensidade dos sintomas associados à menopausa. O processo pode mesmo estender-se ao longo de vários anos, com irregularidades nos ciclos menstruais e na queda de produção de hormonas femininas.
Atualmente, um pouco por todo o mundo, assistimos a um aumento da esperança média de vida e seria de esperar que por esse motivo a menopausa pudesse estar gradualmente a atrasar o seu surgimento, mas tal não é o caso. A idade da menopausa tem-se mantido constante.
A menopausa é um processo biológico universal, inevitável e irreversível para todas as mulheres. No entanto, tal não significa que esteja isento de perigos. Pode mesmo ser um período bastante conturbado para as mulheres devido a todas as alterações nos seus corpos e nas suas mentes, pois esta marca o início do seu envelhecimento fisiológico.
Relativamente à sintomatologia da menopausa, importa salientar que esta pode ser bastante diferente de mulher para mulher, havendo mesmo mulheres que apresentam poucos ou nenhum dos sintomas até à interrupção total da menstruação. Ainda assim, podemos reconhecer uma série de sintomas comuns associados à redução progressiva da produção de hormonas femininas, com especial enfoque nos estrogénios.
Os sintomas tendencialmente não surgem todos de uma só vez. Na realidade, podemos mesmo dividir a sintomatologia em curto, médio e longo prazo.
Sintomas precoces
Sintomas intermédios
Sintomas tardios
Todas as mulheres, a partir do momento em que nascem, possuem uma reserva finita de células germinativas, os chamados folículos, nos ovários. Nenhuma mulher tem a capacidade de formar mais folículos do que aqueles com que nasceu. É nesses folículos que os óvulos têm origem e são libertados de forma regular e mensal desde a primeira menstruação até à última. Quando morrem os últimos folículos não existirão mais óvulos para libertar e os ovários entram em falência, reduzindo drasticamente as concentrações de hormonas femininas.
Existem, no entanto, outras possíveis causas menos comuns para a menopausa. Por exemplo, se uma mulher necessitar de efetuar uma histerectomia (cirurgia para remoção do útero) pode ser também necessário proceder à remoção dos ovários. Neste caso, sem ovários não há menstruação. Ainda, se uma mulher necessitar de efetuar tratamentos intensivos de quimioterapia ou radioterapia, pode ser induzida a menopausa.
Nestes casos, em que a causa da menopausa não é natural e uma vez que a interrupção de produção de hormonas femininas é abrupta, os sintomas da menopausa podem surgir imediatamente após os procedimentos, de forma agressiva.
Existem ainda casos bastante raros, em cerca de 1% das mulheres, nos quais pode haver uma menopausa precoce. Ou seja, esta surge antes dos 40 anos. Geralmente tais casos estão associados a uma falência ovárica prematura, na qual a mulher deixa de produzir hormonas antes do tempo, podendo estar associada ao tabagismo, ao hipotiroidismo, a doenças autoimunes, à epilepsia, ao consumo de antidepressivos e ausência de gravidezes.
O diagnóstico para a menopausa passa por uma avaliação clínica, na qual o médico avalia a idade da mulher e se não existem causas identificáveis para a ausência de menstruação pelo período de 12 meses, pelo menos, com irregularidades menstruais ou com os sintomas das perturbações vasomotoras. Se a paciente estiver dentro da idade normal, entre os 45 e os 52 anos, e não apresentar causas identificáveis para a ausência de menstruação, está na fase da menopausa.
A menopausa em si não tem tratamento, é um processo biológico irreversível, quando ocorre naturalmente. O tratamento, ou os tratamentos disponíveis, pretendem dar resposta aos desconfortos causados pelos sintomas, ou diretamente à causa da menopausa não natural.
Para um grande número de mulheres, a passagem pelo processo da menopausa não representa nenhuma necessidade de tratamento para atenuar os sintomas, uma vez que estes tendem a desaparecer com o tempo e são toleráveis.
Para as mulheres que necessitam de facto de ajuda, o tratamento varia consoante o sintoma que maior incomodo representa:
perturbações vasomotoras e perturbações do foro psicológico – o tratamento passa por uma terapia de reposição hormonal, ou seja, a paciente toma medicamentos compostos por hormonas sintéticas que permitem reduzir a desregulação hormonal. Esta terapêutica deve ser muito bem ponderada entre a paciente e o seu médico, pois apresenta várias contraindicações.
Atrofia urogenital e infeções urinárias – o tratamento envolve uma terapêutica ao nível tópico à base de estrogénios, através da aplicação de cremes, loções ou comprimidos vaginais, que pretendem agir localmente.
Através da adoção de um estilo de vida saudável aliado a uma dieta equilibrada, é possível reduzir os sintomas associados à menopausa.
Sendo um processo natural e universal, podemos apenas procurar não provocar o aparecimento de uma menopausa precoce ao reduzir os comportamentos de risco como o tabagismo. Sabemos já que em média as mulheres fumadoras iniciam a menopausa entre 1 a 2 anos antes de uma mulher não fumadora.