A doença de Parkinson é uma doença crónica neurodegenerativa, que se caracteriza por uma disfunção na produção das células no cérebro responsáveis pela produção de uma substância química chamada dopamina. A dopamina é responsável pela atividade muscular no nosso cérebro, pelo que quando os seus níveis ficam reduzidos os nossos movimentos corporais ficam severamente afetados.
O desenvolvimento da doença de Parkinson é progressivo, pelo que conforme o tempo avança mais agressivos se tornam os sintomas. Infelizmente, o surgimento de sintomas está já geralmente associado a uma perda de entre 60 a 80% das células produtoras de dopamina. Os sintomas mais associados a esta doença são os de controlo motor, tais como tremores e rigidez muscular. Os movimentos corporais tornam-se mais lentos, a postura corporal menos estável e a forma como andamos sofre alterações. Estão também associados um largo número de sintomas não motores, entre os quais, a título de exemplo, perturbações de sono ou demência, ansiedade ou perda de olfato, que se podem manifestar antes dos sintomas motores.
A doença de Parkinson é atualmente a segunda doença degenerativa com maior incidência no Mundo, ficando apenas atrás da doença de Alzheimer, e afeta cerca de 10 milhões de pessoas globalmente. Em Portugal, estima-se que entre 18 a 20 mil pessoas sofram com esta doença, que afeta maioritariamente a população com idade mais avançada, sendo mesmo considerada rara a incidência antes dos 50 anos. Os homens, tal como na doença de Alzheimer, são mais afetados pela doença de Parkinson que as mulheres.
Até ao momento, não existe cura para a doença de Parkinson, nem tão pouco foi desenvolvido algum medicamento que eficazmente atrase ou impeça a progressão da doença. No entanto, existem tratamentos terapêuticos que possibilitam a diminuição dos sintomas e assim permitem um melhoramento da qualidade de vida dos doentes.
A doença de Parkinson é bastante complexa na forma como afeta os doentes, ou seja, não afeta necessariamente duas pessoas da mesma forma, variando os sintomas e a ordem pela qual estes surgem.
Sendo a doença de Parkinson, como vimos anteriormente, causada pela diminuição da produção da substância (dopamina) que auxilia o controlo dos nossos movimentos corporais, os principais sintomas da doença estão precisamente associados a uma perda do controlo dos músculos e dos movimentos. Menos conhecidos pelo público em geral, são os sintomas não motores que, por vezes, surgem com bastante antecedência aos sintomas motores e podem permitir um diagnóstico precoce da doença.
Geralmente, esta doença progressiva, começa por afetar apenas um dos lados do corpo, principalmente em momentos de maior tensão. Pode afetar apenas um dedo, uma mão, um braço ou uma perna. Com o avançar do tempo e com a progressão da doença, a área afetada começa a expandir, passando a ser visíveis sintomas em ambos os lados do corpo, ainda que o lado que foi inicialmente afetado será o lado com uma manifestação de sintomas com maior intensidade.
Entre os sintomas motores com maior prevalência destacam-se os seguintes:
Os sintomas não-motores, ou seja, que não estão relacionados com o controlo dos músculos e dos movimentos corporais, com maior prevalência são:
Outro sintoma não-motor relacionado com a doença de Parkinson é a perda de capacidades cognitivas (demência), que afeta menos de 50% dos doentes. No entanto, importa realçar que este tipo de demência é totalmente diferente da observada em doentes com a doença de Alzheimer. Esta demência traduz-se numa maior lentidão de raciocínio, em que os doentes pensam e respondem mais devagar, mas acertam nas respostas.
Ainda não é possível apontar uma causa exata para o surgimento da doença de Parkinson. O consenso entre os médicos e investigadores é que esta pode ser o resultado da combinação de fatores genéticos, ou seja uma predisposição da própria pessoa, com fatores tóxicos ambientais, tais como a exposição a pesticidas e herbicidas.
Já possuímos, no entanto, uma vasta compreensão do que acontece a uma pessoa com a doença de Parkinson. Sabemos que a doença tem início quando as células nervosas (neurónios) de uma pequena parte específica do cérebro (a chamada substância nigra ou negra) começam a morrer. Os neurónios desta parte do cérebro são os responsáveis pela produção de dopamina, o neurotransmissor encarregado de facilitar a comunicação entre os neurónios responsáveis pelo controlo dos nossos movimentos corporais. Quando a degeneração da substância negra atinge um determinado nível e a produção de dopamina reduz até a um mínimo, começam a surgir os sintomas motores. Segundo a National Parkinson Foundation (EUA), mesmo antes de surgirem os primeiros sintomas motores, entre 60 a 80% da produção de dopamina já poderá ter sido perdida. Sabemos então que as células morrem, apenas não sabemos a razão pela qual morrem, nem porque algumas pessoas desenvolvem a doença e outras não.
Não existe atualmente nenhum teste laboratorial que permita efetuar um diagnóstico definitivo para a doença de Parkinson. Esta doença não tem um marcador biológico, pelo que o seu diagnóstico passa pela avaliação clínica do médico, que se baseia no historial clínico do paciente (bem como do historial familiar), numa avaliação neurológica e na análise do resultado de alguns exames complementares de diagnóstico (tais como a TAC ou a ressonância magnética cranioencefálica). Os exames complementares de diagnóstico permitem também efetuar o despiste e exclusão de outras doenças neurológicas.
Uma vez que o médico neurologista, perante a sua análise, desconfie da patologia, é efetuado geralmente um ensaio de tratamento com levodopa. Ou seja, o médico inicia um tratamento com um fármaco que é utilizado em pacientes com o diagnóstico já confirmado, observando se este promove melhorias na condição do paciente. Se estas melhorias acontecerem, aumenta assim a probabilidade de confirmação de diagnóstico.
A doença de Parkinson é uma doença crónica neurodegenerativa, ou seja, não existe atualmente uma cura para esta doença. Não foram ainda desenvolvidos nenhum fármaco ou cirurgia que atrase ou impeça a progressão da doença.
Existem, no entanto, variadas formas terapêuticas que procuram minimizar os impactos provocados pelos sintomas da doença, ajudando a melhorar a qualidade de vida dos doentes com esta patologia. Entre as formas terapêuticas aplicadas, estas podem ser:
Ambos os tratamentos com recurso a medicamentos ou cirurgia acarretam possíveis efeitos secundários adversos ou danos colaterais, por vezes intoleráveis e indesejáveis. Por este motivo, todas as terapêuticas devem ser bem analisadas pelo seu médico, de modo a analisar o seu custo-benefício.
Uma vez que ainda não sabemos ao certo as causas para a doença de Parkinson, não é possível ainda definir uma estratégia de prevenção concreta para a mesma.
Segundo os estudos desenvolvidos ao longo dos anos, o risco de desenvolver a doença de Parkinson pode possivelmente ser reduzido ao praticar desporto ou exercício físico aeróbico (caminhadas, corrida, natação, entre outros). Alguns estudos sugerem que o consumo de cafeína, quer em café ou chá, pode diminuir também o risco, mas ainda são inconclusivos.