Consulta do Viajante

Consulta do Viajante: o que é e para que serve?

São variadas as razões ou motivos que nos levam a viajar. Seja trabalho, lazer, saúde ou mesmo sem nenhum motivo aparente, é cada vez maior o número de pessoas que viaja e o número de viagens efectuadas pelas mesmas. O espectro de destinos seleccionados é também cada vez mais abrangente, o que leva a que exista uma maior preocupação com os riscos associados à saúde.

Sabendo atempadamente que se adivinha uma saída do país, com especial consideração para todos os países fora da União Europeia, o viajante deve adoptar uma série de medidas preventivas como forma de assegurar situações de risco e/ou embaraço:

  • estudar de um modo geral o mapa do local ou locais que iremos visitar;
  • saber quais os idiomas mais falados no destino;
  • saber qual a moeda usada e, se necessário, a taxa de câmbio em vigor;
  • procurar aconselhamento médico pré-viagem — Consulta do Viajante.

Consulta do Viajante

As Consultas do Viajante destinam-se a todos os que procuram viajar para fora do seu país de residência. São preferencialmente administradas por um médico especialista em Doenças Infecciosas e Medicina Tropical, podendo no entanto ser realizadas por qualquer outro médico no exercício das suas competências. Podem ser efectuadas em centros de saúde e hospitais do Serviço Nacional de Saúde, bem como nos serviços e clínicas de saúde privados, entre os quais se insere a CMIL – Clínica Médica Internacional de Lisboa.

O viajante deverá sempre, como medida preventiva, agendar uma consulta médica pré-viagem (idealmente com um mês de antecedência), como forma de obter informações acerca dos possíveis riscos médicos que possam surgir em resultado da viagem que pretende realizar. Dado que estes riscos variam substancialmente consoante as áreas geográficas de destino, o estado de saúde da cada viajante deverá ser tomado em consideração, nomeadamente quanto a: comportamentos a ter, a existência de vacinação obrigatória e/ou a necessidade de iniciar uma medicação específica antes do início da viagem. Deverá ser tomada especial atenção aos cuidados extra requeridos por viajantes inseridos em grupos de risco — crianças, grávidas, idosos e pessoas com saúde debilitada.

A consulta consiste na análise e recomendação de medidas preventivas a adoptar no pré, durante e pós-viagem. Entre as medidas incluem-se a vacinação obrigatória/opcional, a administração de medicação profilática, e ainda a transmissão de cuidados a ter com a alimentação e líquidos ingeridos, ou ainda outros aspectos que o médico considere pertinentes. Caberá ainda ao médico o aconselhamento do viajante acerca dos medicamentos necessários e/ou recomendados para a deslocação.

Para que serve?

Todas as Consultas do Viajante são personalizadas e têm como maior propósito o de garantir as melhores condições possíveis no âmbito da saúde ao viajante. As consultas são importantes para o viajante pois permitem:

  • Avaliar o seu estado de saúde actual, conferindo especial importância no caso de pessoas inseridas em grupos de risco (grávidas, crianças, idosos, pessoas com doenças crónicas e sob medicação, etc.);
  • A obtenção de recomendações acerca das possíveis medidas preventivas a adoptar no pré, durante e pós-viagem. Estas incluem a vacinação, medicação preventiva e profilática, informação sobre higiene pessoal, cuidados com alimentação e ingestão de líquidos, etc.;
  • A toma das vacinas obrigatórias para a realização da viagem e o registo das mesmas no Boletim de Vacinas e no Certificado Internacional de Vacinação;
  • A obtenção das receitas para os medicamentos eventualmente necessários — kit farmacêutico do viajante;
  • A recolha de informações acerca das condições sanitárias, assistência médica e segurança no país de destino, assim como as doenças de relevância existentes e serviços de saúde disponíveis;
  • O recurso a assistência médica após o regresso, bem como ao diagnóstico de problemas de saúde eventualmente contraídos durante a viagem. Para viajantes frequentes e/ou para aqueles que passem temporadas prolongadas em países ou regiões com elevado risco de contracção de doença, este controlo deverá ser periódico.

Kit farmacêutico do viajante

Consoante a deslocação e o seu destino, o viajante pode ser aconselhado pelo médico a transportar medicamentos específicos. A escolha destes medicamentos depende de vários factores, nomeadamente o destino e duração da estadia, as condições sanitárias e os recursos de saúde disponíveis, microorganismos mais prevalecentes nesses locais ou regiões, o tipo de actividade que irá ser praticada, bem como o estado de saúde actual de saúde do viajante, etc.

O kit deverá incluir:

  • Medicamentos tomados habitualmente para doenças pré-existentes, em quantidade segura para a duração da estadia;
  • Paracetamol, para alívio de febres ou dores de cabeça, ouvidos, dentes, etc.;
  • Anti-maláricos, para profilaxia da malária, quando justificados;
  • Antibióticos, para tratamento de doenças infecciosas, como a diarreia do viajante;
  • Antieméticos, para enjoos ou vómitos;
  • Antidiarreicos, para o combate da diarreia aquosa sem febre (mediante aconselhamento médico);
  • Anti-histamínico e/ou corticoide tópico, com especial atenção aos casos que apresentem um historial de reacções alérgicas;
  • Soluções de reidratação oral, como forma de prevenir a desidratação causada por vómitos ou diarreias;
  • Repelente de insectos que contenham DEET ou IR3535 (de acordo com o recomendado pela Organização Mundial de Saúde), para protecção contra a picada de mosquitos transmissores de doenças como a malária, febre amarela, dengue ou encefalite;
  • Protector solar adequado ao tipo de pele e ao grau de exposição solar;
  • Creme hidratante que contenha zinco, para a reparação de lesões e irritações cutâneas, como queimaduras solares;
  • Pequenos produtos de tratamento de feridas ou mazelas menores, entre os quais um antisséptico, termómetro, pensos rápidos, compressas esterilizadas, ligaduras, tesoura, pinça e corta-unhas.

O viajante deverá ter alguns cuidados específicos no transporte de medicamentos, para sua própria segurança e pela integridade dos mesmos. Entre esses cuidados, o viajante deverá sempre fazer-se acompanhar de uma lista de toda a medicação que está a tomar e de uma receita médica, em que constem os nomes genéricos dos medicamentos e respectivas doses, pode mesmo ser necessário apresentar às autoridades uma declaração médica que ateste a necessidade dos medicamentos ou seringas transportados. O viajante deverá também adoptar medidas de segurança no transporte dos medicamentos, como manter os medicamentos na embalagem original (facilitando assim problemas com autoridades e identificação em caso de emergência), transportá-los preferencialmente na bagagem de mão (evitando o extravio de bagagem de porão), recorrer a caixas térmicas para conservar medicamentos perecíveis (como insulina) e, se viajar de carro, não colocar os medicamentos no porta-luvas.

Em viagens aéreas, a fim de transportar os medicamentos líquidos (incluindo xaropes) na bagagem de mão, o viajante deverá ter em atenção que apenas podem ser transportados frascos ou tubos com capacidade até 100ml e apenas o total de um litro por passageiro. Estes devem ser acondicionados dentro de um saco de plástico transparente, com a possibilidade de ser aberto para verificação por parte das autoridades. A necessidade de transportar volumes superiores a 100ml deverá implicar a apresentação de receita médica e uma declaração médica escrita preferencialmente em inglês ou francês. Estas restrições não incluem comprimidos e outros medicamentos sólidos.

Ao adoptar estas medidas de segurança e planear de forma consciente a sua viagem, o viajante estará protegido da melhor forma possível para qualquer advento imprevisto que possa surgir.

Fontes

SANTOS, C. (2014), Medicação em Viagem. in CUF
www.sns.gov.pt
www.hgo.pt
www.tempodeviajar.com
www.clinicafeminis.com

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