Vamos falar de Hipertensão Arterial

Vamos falar de Hipertensão Arterial

Habitualmente referida como “tensão alta”, a Hipertensão Arterial (HTA) é uma doença crónica e silenciosa, que se caracteriza por uma elevada pressão sanguínea que se mantém ao longo do tempo.

A pressão arterial elevada surge quando o sangue tem dificuldade na circulação nos vasos sanguíneos, o que leva a que o coração tenha de aumentar a força e o ritmo dos seus batimentos, de modo a que o sangue possa chegar a todo o corpo. Esta dificuldade de circulação pode ter diversas causas.

Para que, de facto, se possa considerar que um paciente sofra de pressão arterial elevada, enquanto doença, esta tem de se encontrar igual ou acima de um determinado valor por um período alargado de tempo. No entanto, o facto de na generalidade das pessoas a “tensão alta” não apresentar quaisquer sintomas, faz com que esta patologia seja silenciosa, sendo apenas detetada usualmente quando o paciente se desloca a uma consulta de rotina e lhe seja medida a pressão sanguínea, ou quando o estágio já é avançado e surgem consequências ou lesões associadas à doença.

A Hipertensão Arterial é considerada um grave problema de saúde pública a nível mundial, com maior incidência nos países ocidentais, que se estima afetar cerca de 1.5 biliões de pessoas em todo o mundo, levando à morte de cerca de 9.4 milhões de pessoas por ano. Em Portugal, de acordo com a Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), cerca de metade da população adulta sofre desta doença (cerca de 43%), no entanto, cerca de um quarto dos hipertensos desconhece que sofre de Hipertensão Arterial. Sabe-se ainda que, apenas 75% dos hipertensos recebe a medicação apropriada para a doença e apenas cerca de 43% das pessoas com hipertensão tem a doença controlada.

Segundo a SPH, o número de novos casos tem-se mantido estável, ao longo dos últimos 15 anos, na população adulta e a mortalidade cardiovascular associada à hipertensão (principal fator de risco) tem vindo sistematicamente a diminuir para baixo dos 30%, sendo este considerado um marco histórico.

Existe atualmente uma preocupação crescente com a percentagem cada vez maior de jovens e crianças diagnosticadas com hipertensão, pois leva a crer que o número de não diagnosticados seja bastante superior. Esta subida tem uma forte ligação com o consumo excessivo de sal aliado à falta de exercício físico ligada à obesidade.

Sintomas Principais

O facto de esta doença ser silenciosa, como já referimos, significa que não apresenta sintomas específicos (na maioria dos casos). Esta ausência de sintomas faz com que os hipertensos se mantenham não diagnosticados por longos períodos de tempo, geralmente anos, até que surja algum tipo de sintoma. Quando estes sintomas enfim surgem vêm, por norma, já relacionados com consequências ou lesões associadas ao facto de padecerem de hipertensão arterial por um extenso período de tempo, e não diretamente causados pela elevada pressão arterial.

De um modo geral, o mais comum é a pessoa dar conta dos sintomas associados a um pico brusco de subida de pressão arterial, ou seja, uma subida muito repentina que origina sensações que considera estranhas e não comuns, mas que raramente estão associadas com hipertensão arterial, que se traduz por uma pressão arterial elevada durante um largo período de tempo. Alguns dos sintomas associados a subidas (ou descidas) repentinas de pressão arterial são:

  • Enjoos;
  • Tonturas;
  • Cefaleias;
  • Hemorragias espontâneas;
  • Sonolência;
  • Zumbidos;
  • Dificuldade de respiração;
  • Alterações de visão.

É imperativo que consulte o seu médico para que este, em consulta, meça os valores da sua tensão arterial e determine se o que ocorreu foi um mesmo pico isolado de subida de pressão arterial ou se existe a possibilidade de ter hipertensão e, se for esse o caso, iniciar o tratamento adequado. Esta possibilidade é melhor estimada ao efetuar medições regulares da sua pressão arterial, pelo que uma boa estratégia de prevenção e monitorização se traduz na realização de check-ups 2 a 3 vezes por ano com o seu médico.

O facto de os doentes, quando se deslocam a uma consulta, já apresentarem consequências e lesões derivadas de hipertensão arterial não diagnosticada é uma grande preocupação associada a esta patologia. Entre estas consequências e lesões encontramos frequentemente:

  • Enfarte do miocárdio;
  • Angina de peito;
  • Acidente vascular cerebral (AVC);
  • Insuficiência cardíaca;
  • Obstrução de um grande vaso sanguíneo;
  • Insuficiência renal;
  • Lesões da retina.

Entender os valores de pressão arterial

Sendo que é através da medição regular da pressão sanguínea que se consegue a melhor prevenção e um diagnóstico precoce da Hipertensão Arterial, convém ter presentes os seguintes valores fundamentais:

  • Pressão sistólica: que representa a pressão feita pelo sangue nas artérias no momento da batida do coração e que é (geralmente) o valor mais elevado na medição (ex: 140 mmHg);
  • Pressão diastólica: que representa a pressão nas paredes das artérias nos períodos entre as batidas do coração e que é (geralmente) o valor mais baixo na medição (ex: 65 mmHg).

Uma vez medida a pressão arterial, é necessário comparar os resultados com as medidas standard com que geralmente se avalia a pressão arterial:

  • óptima — inferior a 120/80 mmHg (ou seja, abaixo de 120 mmHg de pressão sistólica e abaixo de 80 mmHg de pressão diastólica);
  • normal — entre 120/80 mmHg e 129/84 mmHg;
  • normal alta (pré-hipertensão) — entre 130/85 mmHg e 139/89 mmHg;
  • hipertensão — acima de 140/90 mmHg.

Se os valores medidos se encontrarem (por diversas vezes) acima da pressão normal alta ou limítrofe (pré-hipertensão), encontramo-nos num estado de hipertensão arterial. Dentro da hipertensão existem vários graus de gravidade crescente:

  • Hipertensão de Grau 1: em que a pressão sistólica se encontra entre 140 e 159 mmHg e a diastólica entre 90 a 99 mmHg;
  • Hipertensão de Grau 2: em que a pressão sistólica se encontra entre 160 e 179 mmHg e a diastólica entre 100 e 109 mmHg;
  • Hipertensão de Grau 3: em que a pressão sistólica é superior a 180 mmHg e a diastólica é superior a 110 mmHg.

Importa referir que, as pessoas com mais idade são especialmente (mas não só) afetadas por uma condição chamada hipertensão arterial sistólica isolada, que se define por uma medição de valores de pressão sistólica superiores a 140 mmHg e diastólica inferior a 90 mmHg.

É fácil compreender que, quanto maior for o grau de hipertensão, maiores são os riscos de se desenvolverem complicações mais graves. Regra geral, uma pessoa com pressão arterial normal alta vê o risco de desenvolver doenças cardiovasculares aumentar para o dobro, quando comparada com uma pessoa com tensão óptima.

As pessoas que apresentem tensão arterial normal alta e as com hipertensão de grau 1 podem conseguir regular a sua pressão arterial com algumas alterações de estilo de vida e dieta, enquanto que as pessoas com hipertensão de graus 2 e 3 têm por norma de ser medicadas e acompanhadas por um médico.

Principais Causas

Sabemos já que, a hipertensão surge quando o coração tem de exercer maior força para que o sangue percorra eficazmente o nosso corpo, no entanto, as causas para que tal aconteça podem variar:

Hipertensão Primária — Este é o tipo de hipertensão mais comum (mais de 90% dos hipertensos) e que não está, automaticamente, relacionada com nenhuma causa identificável, como, por exemplo, ao uso de algum tipo de substância ou medicamento, ou a qualquer problema de saúde. Está geralmente associada a fatores como:

  • genética;
  • dietas ricas em açucares, sal e frituras;
  • falta de atividade física;
  • consumo excessivo de bebidas alcoólicas e tabagismo;
  • idade.

Hipertensão Secundária — Sendo mais rara (cerca de 8% dos hipertensos), esta variante apresenta causas mais identificáveis que podem originar a hipertensão arterial, tais como:

  • Doenças renais e renovasculares;
  • Problemas cardíacos;
  • Alterações da tiróide;
  • Uso de medicamentos (ex: contraceptivos orais);
  • Apneia do sono;
  • Doenças hormonais.

Diagnóstico

Importa compreender que, a pressão arterial varia ao longo do dia. Quando estamos deitados, a pressão baixa. Quando nos movimentamos, os valores sobem. Isto significa que o facto de a pressão estar alta não é sinónimo de hipertensão. É normal, em pessoas saudáveis, que a pressão arterial em determinados momentos e situações temporárias aumente bruscamente, tal como quando nos exercitamos, ao sentir dor, após tomar café ou outro estimulante, ao experiência uma situação de stress, por exemplo. Normal é também a descida da pressão pouco tempo depois dessas situações ou momentos passarem. Se não for esse o caso e a pressão se mantiver por vários dias, ou se notar que sem razão aparente a sua pressão arterial sobe e se mantenha alta por largos períodos de tempo, é importante que consulte o seu médico para que este possa avaliar a situação.

Então, se existem situações e momentos que nos podem levar a um aumento de pressão arterial, como podemos saber se somos hipertensos?

A resposta pode ser encontrada ao efetuar várias medições da pressão arterial, espaçadas por um intervalo de tempo. Idealmente devem ser efetuadas 3 medições em 3 dias diferentes, com um intervalo mínimo de uma semana entre medições. Deste modo pode ser confirmado o diagnóstico.

Importa notar que, as medições devem ser efetuadas por um médico ou profissional de saúde, como por exemplo numa farmácia, de modo a obter uma interpretação correta dos valores da medição. O paciente pode, no entanto, efetuar medições em casa como prevenção e ainda de modo a eliminar a hipótese de uma eventual subida da pressão arterial causada pela ida ao consultório, a chamada “síndrome do avental branco”.

Após o pré-diagnóstico de um médico para suspeita de hipertensão, o paciente pode ser encaminhado para a realização de outros exames que auxiliem na identificação de uma possivel origem da hipertensão, tais como exames à urina, ao sangue, um eletrocardiograma ou ultra-som renal.

Tratamento

Uma vez efetuado o diagnóstico de hipertensão arterial, tendo sido efetuadas as várias medições com intervalo de tempo e os exames complementares, o médico encontra-se finalmente na posição de iniciar o tratamento que difere entre as duas variantes da hipertensão, a primária e a secundária.

Se o diagnóstico apontar para hipertensão secundária (a que possui causas identificáveis como uma doença), o tratamento a iniciar será o de tratar essa mesma doença ou problema de saúde que está a elevar a pressão alta, sendo sempre benéfico fazer alterações ao estilo de vida e à dieta do paciente de modo a promover uma rápida e eficaz normalização.

Se o diagnóstico for de hipertensão primária (o mais comum e sem causa identificável), como primeira medida devem ser efetuadas mudanças e melhoramentos no estilo de vida do paciente de modo a promover a estabilização da pressão arterial, tais como:

  • alteração de hábitos alimentares, com redução de ingestão de sal, açúcar, gordura, carne vermelha e café, dando preferência a fruta, vegetais, cereais e proteínas magras, tais como carnes brancas e peixe;
  • praticar exercício físico de forma regular, despendendo pelo menos 30 minutos por dia, entre 3 a 5 vezes por semana, em caminhadas, corrida, ciclismo ou natação, os chamados exercícios aeróbios;
  • procurar reduzir o stress.

Por vezes pode ser necessária uma terapêutica farmacológica, em que são receitados ao paciente medicamentos que diminuem a pressão arterial. Estes devem sempre ser receitados por um médico, que terá de ao longo do tempo ajustar a medicação.

A hipertensão arterial é uma doença para a vida, em que o tratamento procura ao longo do tempo atingir a normalidade e estabilização da pressão. As medidas de tratamento são também importantes formas de prevenção, como por exemplo a prática de exercício físico regular ou melhoramentos na dieta.

Se julga ser hipertenso, se sente que tem episódios de picos de tensão alta, ou se julga ter alguma das doenças que possam causar hipertensão, não hesite e procure o seu médico, para que este o possa diagnosticar e, se necessário, iniciar o tratamento.

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